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"Our loyalties must transend our race, our tribe, our class, and our nation; and this means we must develop a world perspective." - Martin Luther King Jr.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sobre os professores e as afirmações do Primeiro Ministro

Eu tenho 21, estou perto de concluir a minha licenciatura em economia, tenho muitos sonhos para o futuro, mas ainda mais incertezas. O que não abunda muito é esperança...

O que eu oiço, e sei que é verdade, é que a minha geração e as vindouras terão de ser mais móveis, não procurarão na sua maioria, um emprego para a vida, mas sim um mercado de trabalho móvel. O nosso Estado Social não vai ser o que era até aqui. Os nossos subsídios, pensões, etc. não serão o que eram até aqui. Os direitos laborais estão em mutação, a segurança no emprego está a diminuir. Será que de futuro ao invés de sermos uma geração que vai procurar adquirir a sua casa, iremos ser uma geração de aluguer? E a carga fiscal como vai ser? A dívida, a 10 anos e mais, e as PPP's terão que ser pagas, quem as vai pagar?

Hoje em dia, toda a gente se licencia, o objectivo é aumentar o nível de escolaridade em Portugal, isso não vem de hoje óbvio.

Há 30/40 anos atrás, existia um emprego de sonho, era ele dar aulas, especialmente no ensino primário, trabalhava-se pouco (menos do que agora, e claro com algumas excepções), era-se autoridade, reformavam-se cedo, ganhavam bem e a pensão hoje em dia sabe a chocolate.

O que é que muita gente pensou? Não digo que grande maioria não o tenha feito por gosto, mas outros pensaram: é fácil obter o grau académico, vou ser professor.

O mercado de trabalho de docentes ficou cheio e transbordou, temos inúmeros desempregados na área, mas isso não é novidade para ninguém. Sabemos que o número de escolas tem vindo a diminuir, e vai continuar a ser assim, pois as taxas de natalidade no país são baixíssimas, e para alterar este mercado de trabalho são necessários no mínimo 10 anos.

Pergunto-me então: se a minha geração não vai ter 1/10 do comodismo laboral, dos benefícios sociais, da segurança social que as gerações anteriores tiveram, mas sim maior carga fiscal para pagar tudo o que as gerações passadas nos deixaram, porque é que alguém que está desempregado tem de se sentir ofendido se o primeiro-ministro lhe disse que o melhor que ele fazia era emigrar ou investir na sua formação noutra área?

Se ele dissesse que estava em conversações com outros países para solucionar essa mobilidade era diferente?
Um primeiro ministro deve dizer cor-de-rosa e não preto, quando uma coisa é preta?
Um primeiro-ministro dizer que vai aumentar o desemprego dói não dói? Pois é óbvio que dói, vão senti-lo amanhã!
Mas um primeiro ministro aumentar a dívida pública de longo prazo e endividar o país a troco de infra-estruturas para o presente já não dói, porque ninguém se lembra que são os filhos que irão pagar!

Acabe-se com os cursos cujo mercado de trabalho está cheio! Já se devia ter feito há mais tempo, mas sempre se pensou na liberdade e nos direitos.
Está-se a tirar liberdade de escolha à minha geração é verdade, mas evitaremos problemas destes, que há muito deveriam ter sido evitados.

Esta é apenas a minha opinião, espero não ferir a susceptibilidade de ninguém, mas na minha vida:
A mudança já começou, e este mundo não é para fracos.

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